MÃE-GALINHA



2007-09-17

Agora é que estamos todos tramados!

Este sim, será o fim da blogosfera dura e crua. Aquela onde se escreve sobre a vida tal qual ela é, nem sempre cinzenta, nem sempre cor-de-rosa. Já vejo os meus dias inundados de bloguesinhos fofinhos escritos por mamãs que juram nunca levantar a mão aos seus petizes. Uma viciada como eu há-de ler o que lhe vier parar aos olhos e sem blogues é que eu não fico. Muito menos sem saber da vidinha alheia, era o que mais faltava! Uma coscuvilheira nata tem aqui, neste sub-mundo, o seu maior prazer. Saber sem ter que perguntar.

Agora, com o que corre sobre o suposto diário da senhora McCann, temo pelo fim da verdade escarrapachada on-line. A blogosfera está em pânico, ouve-se até falar num crash e até eu vacilo. Eu, que escrevo tantas vezes no meu diário (que por acaso está aqui, para quem o quiser ler) que as minhas filhas me põe a cabeça em água, que às vezes me apetece rifá-las, que imploro para que mas levem por umas horas só para eu me sentir gente. Eu, que digo em desespero de causa e por não ter mais o que dizer que a minha filha Carmo tem o diabo dentro dela, que a Inês é lunática e que a Maria é respondona e mal educada.

Confiscaram o diário à senhora, o diário onde a criatura anotava os seus mais secretos pensamentos; onde talvez tenha escrito que a miúda que desapareceu seria impossível de aturar. A mim não é preciso confiscarem-me seja o que for. Ou apago isto tudo ou sujeito-me. O pior é que mesmo sem blogue sou capaz de não ter melhor sorte: Se os meus vizinhos se põe a gravar as minhas gritarias ainda me aparece à porta a protecção de menores que há-de achar mais proveito em visitar-me do que no resgate de criancinhas realmente mal tratadas ou no encaminhar de meninos sem família e que se acumulam em casas onde não há pais nem mães, para famílias verdadeiras onde os querem e os amam.
Nas minhas gritarias digo coisas muito esquisitas. Quando me enervo digo coisas muito estúpidas. Acho que sou humana e não me parece nada bem que me julguem apenas pelos meus maus momentos. Os bons são muito mais.

Descubram lá o que é que se passou que eu depois falo mais sobre o assunto.

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