MÃE-GALINHA



2006-11-14

Manada

Também li a reportagem de que se fala e ainda estou naquela fase boa de ruminar as ideias.

A reter
A perfeição não existe. Mas isso já se sabia.

E sobre nós, assim de repente:
Tenho uma tatuagem e as minhas filhas sabem.

Cantamos juntas com o SingStar. Elas ganham e eu amuo.

Às vezes digo palavrões na frente delas.

Entrego-as de bom grado a quem as queira para eu passar uma tarde no cabeleireiro.

Adoro que se enfiem na minha cama.

Decidi abdicar de parte da carreira para estar mais tempo com elas. Ultimamente descobri que posso rentabilizar esse tempo com várias coisas de que gosto e que podemos fazer juntas - pintar, tricotar, etc.

No pouco tempo em que fui mãe de uma única filha, não me senti completada.

Não gostei de estar grávida.

Odeio de morte os programas de televisão de que elas gostam. Não suporto o Rei Leão nem o Noddy nem o Ruca e, se pudesse, estrangulava o tipo das pistas da blue.

Aprendi com o tempo, com o pai delas, com elas e comigo mesma que a vida se vive com um sorriso. Eu acho que não vivo de manhã. Sobrevivo e não sorrio. Grito. Muito. Alto.

Não gosto de estereotipos.
Sou uma mãe moderna com uma tatuagem e um corte de cabelo radical.

Não gosto de estereotipos.
Sou uma mãe tradicional que chora por não sair ao Domingo com a prole vestida de igual, meia pelo joelho e laçarote na cabeça. Tento habituar-me aos ténis quanto-mais-sujos-melhor, aos jeans semi-rotos e às combinações escandalosas de t-shirts por cima de mangas compridas...

Não gosto de estereotipos.
Sou uma mãe dona-de-casa que gosta de tudo arrumadinho, lareira acesa, mesa posta com requintes, bolos acabados de fazer e flores nas jarras. Gostar de não é o mesmo que ter. Infelizmente.

Não gosto de estereotipos.
Sou uma mãe normalíssima porque estou, não estou, mimo, grito, amo, odeio, quero, não quero, faço, desfaço, sei, não sei e por aí fora.
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© Rita Quintela
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