MÃE-GALINHA



2006-02-06

Aprendo-lhes as diferenças

Por causa de um ralhete qualquer começa num choro imenso e soluça:
- Tu só gostas da Carminho... Tu só gostas da Carminho...
Abraço-a, pego-a ao colo (dou cabo das costas com estas ideias) e digo-lhe:
- És muito tontinha... Gosto tanto de ti!
Compreendo-lhe a angústia e conheço-a bem. Não posso entrar no jogo emocional ou será ela quem fica a perder. Se se agarra a mim mais que a conta - e detesto esta expressão, que os filhos e as mães não se agarram mais do que conta nenhuma, é uma expressão, só isso - sofrerá com a minha ausência. É uma drama meu/nosso que me custa aprender a aceitar.
Desdramatizo com as parvoíces do costume:
- AH! Não gosto nada! Tu às vezes tens piolhos e cheiras mal e tens sempre as mãos sujas e quando comes chocolate ficas com bigodes. Blharc!
Consegui. Ela ri-se muito, limpa as lágrimas e vai saltar à corda outra vez.

A Maria, por exemplo, não gosta quase nada de beijos e abraços.
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© Rita Quintela
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