MÃE-GALINHA



2006-01-20

Coisas menos boas

Ainda bem que não se conseguem apagar da memória os momentos maus, aqueles que fazem de mim uma mãe má e intolerante. Consumo-me de remorsos e cresço, e aprendo, e esforço-me por não os repetir.

Não gosto de perder a paciência e de as obrigar aos meus ritmos, não gosto de as apressar nem de as obrigar às minhas estratégias de organização, não gosto de lhes gritar. O que menos gosto é de ver nelas a expressão desolada da incompreensão pelos meus actos. Auto-flagelo-me com culpas e mais remorsos.
Não me perdoo pelo facto de depois da minha maldade correrem a abraçar-me. Refugio-me nas plavaras de Eduardo Sá que explica que estes abraços são como se os nossos filhos nos dizessem "OK mãe, perdoo-te, se não voltares a fazê-lo". Escondo-me na casa de banho e choro sozinha. As mães também choram e a mim aborrecem-me as mães que só transparecem perfeicções.

Eu sou uma mãe imperfeita e grito-o aos quatro ventos.

Ontem foi um dia mau. Acumulei trabalho e contas para pagar. Corrigi falhas que não eram minhas. Cheguei a casa com as mais novas, cansada e preocupada. Desdobrei-me em jantares, roupas, banhos, trabalhos de casa e outras porcarias que podiam ter esperado por outro momento. Desdobrei-me tanto que me estatelei contra mim própria. Explodi.
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© Rita Quintela
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