O pai reclama e diz:
- Não sei que graça é que vocês vêm nisso...
E nós rimos, eu as manas, quando a pequenita em vez de "pai" chama:
- UÃO!?
O pai reclama, quer ser "pai", mas por dentro sorri (tenho a certeza).
De manhã, quando acorda, quase sempre chama:
- UÃO!?
Ontem, ao meu colo, olhou para uma fotografia do pai e exclamou:
- UÃO!!!
Concluo:
Cá em casa, o meu nome é "mãe". Para a Carminho, sou "ma-ma-ma"
Eu, quando quero falar com o pai, chamo-o "João". De tanto ouvir, porque admito que ando sempre:
- Ó João isto
- Ó João aquilo
a pequenita aprendeu.
O pai, quando quer falar comigo, é raro chamar-me Rita. Sou "mãe":
- Ó mãe traz-me a toalha, se faz favor
- Ó mãe onde é que estão as toalhitas?
- O que é o jantar, mãe?
(Se o pai diz
- Rita!
O assunto é grave.)
E é assim que me convenço que o papel de mãe já me atingiu a identidade.