MÃE-GALINHA



2004-11-10

FOGO-DE-ARTIFÍCIO: O RASTO DO PAI NATAL

Quando de repente se abateu sobre nossa casa um imenso fogo-de-artifício, as miúdas subiram com o pai ao andar de cima para espreitarem à janela.
É a minha oportunidade - pensei. Tínhamos acabado de jantar, era cedo, estavam as três acordadas. Peguei nos presentes escondidos debaixo da minha cama e coloquei-os ao pé da lareira.
Não que me agradasse muito a ideia do Pai-Natal passar por lá assim, antes do tempo, mas sem imaginação para outra desculpa, lá estava um teclado para a Maria, umas extensões louras para o escuríssimo cabelo da Inês e um S. Bernardo de plástico, lindo, para a Carminho.
Tudo começou quando eu e o pai João decidimos que a Maria tinha que ter qualquer coisa onde treinar os exercícios de piano. Vamos ver se conseguimos juntar dinheiro para lhe comprarmos um piano digital mas, até lá, um teclado nada caro resolverá o problema. Como o Pai-Natal não podia passar sem trazer algo para as manas, lá vieram também as extensões e o cão.
O fogo de artifício deixou-as estupefactas (a nós também, tal era o barulho) e quando terminou, chamei:
- Meninas! Venha cá abaixo depressa! Olhem o que aqui está!!!
Correram escada abaixo aos gritos de o que é? o que é? e quando deram com os presentes, a excitação era tal que mal conseguiam falar:
- Ó mãe, nós portámo-nos tão bem que o Menino Jesus, que está lá em cima, disse ao Pai-Natal que por acaso está cá em Aveiro, para nos vir trazer estas prendas! E o fogo-de-artifício era por causa disso! Era o Pai Natal a passar!
- Hoje deve ser o dia dos desejos!
E a Carminho aos gritinhos por ver as irmãs naquela excitação.
A Maria chegou-se à frente e foi lendo os nomes. Cada uma abriu o seu presente e a alegria era imensa.
- Ó mãe! - gritava a Inês - como é que o Pai-Natal sabia que eu queria isto se ainda nem mandámos as cartas???
- Ó pai, anda cá depressa!!! Olha um piano. Um piano!
E a Carminho só dizia
- Ão ão ão... enquanto tentava rasgar o resto dos papéis de embrulho.
Dez minutos de brincadeira e depois, de certeza, uns sonhos muito bonitos.
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© Rita Quintela
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