MÃE-GALINHA



2007-11-13

É no que dá.

Estas manias de pais liberais e descomplexados e
"não queremos tabus cá em casa" e
"todos os assuntos são para ser falados".

Tampões e pensos, gays e lésbicas, homos e heteros. Tudo. Corada que nem um tomate por dentro mas com cara de mãe descomplexada (muito bem treinada ao espelho).

No auge do seu complexo edipiano e também com uns pozinhos de Electra à mistura, a Carmo não tolera a negação do futuro casamento com o próprio pai. As irmãs riem-se, claro, e dizem que não pode, que tem que casar com um menino.
- Ou uma menina! - dizem em coro - E depois são lésbicas!!

Já noutro dia estas duas me tinham aparecido com uma conversa no carro:
- Ó mãe, tu és lésbica?
- Não!
- Então és gay!!!
- Não! Ó meninas, que confusão nessas cabeças... blá blá homossexuais, blá blá heterossexuais
- Ah...

Na sexta-feira passada, à saída da escola e com o rádio na tsf, a Inês apanhou a referência à reportagem Maria-Rapaz. Quando saiu do ballet, horas depois, a primeira coisa que disse quando entrou no carro foi
- Põe na tsf!
Ouvimos a reportagem até casa, não ouvimos tudo mas agora que está aqui havemos de ouvir o resto. Ela muito atenta, sem fazer uma única pergunta. Deslumbrada, pareceu-me, não tanto com a mudança de sexo em si mas com a possibilidade de uma coisa daquelas poder, de facto, acontecer.
Ao jantar desse dia:
- Como é que é mãe, introssexuais? Os que não são gays nem lésbicas?
E a Maria:
- Não pá! Electrossexuais!

Introssexuais e electrossexuais. Maravilhosas, estas miúdas!

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