MÃE-GALINHA



2007-01-02

2007

Sempre me aborreceram as contagens do tempo, as horas, os minutos, os segundos a passarem, tic-tac-tic-tac e eu a vê-los passar, perdida, a ver o tempo passar e eu sem conseguir agarrrá-lo.
Eu vivo cheia de coisas, há coisas imensas em mim. Eu sou um mar muito grande, um mar batido, às vezes revolto e não sei ser um mar calmo. Tenho medo que me falte o tempo e por isso não gosto de o ver passar. Apesar, gosto de relógios porque a pontualidade faz parte de mim. Isso e as regras rígidas que me infligem os calendários. Se eu mandasse no tempo, em vez do tempo mandar em mim, eu nem sequer era uma mar. Seria um ribeiro manso, daqueles que correm tão devagarinho que os reflexos se distorcem apenas na proporção do ângulo da luz.

Quero este relógio. O ano do porco também é o meu. Gosto do número sete mas tem-me trazido dissabores.
E tempo. Quero ter muito tempo.
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© Rita Quintela
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