MÃE-GALINHA



2006-12-12

Ligações

(Um dia tive que matar uma barata do tamanho dum rato e ía morrendo com o barulho do esmigalhanço - crachque - isto foi num ilha remota e não havia Mafu.)



Passei a minha infância a assistir a matanças do porco, degolações de patos, grandes cantorias à volta de alguidares fumegantes onde se depenavam galinhas e também vi muitos coelhinhos serem mortos à paulada. Não sei se algum dia por ali andei de arma em riste. É possível que eu, quando por ali estava, queira ter sido como os outros miúdos e, nas aldeias, os miúdos começam desde cedo a ajudar nalgumas tarefas. Isso, não me lixem, não é trabalho infantil. (E eu tantos anos a fazer crer que sim)
É possível, então, que tenha morto um coelho à paulada.
Nunca fui à caça mas na miha famílias sempre houve caçadores e eu pelava-me por comer passarinhos assados na brasa, mortos com a pressão de ar, ali mesmo no jardim. Eu sei usar uma pressão de ar, não é coisa que tenha grande ciência.

Apesar de vivermos numa aldeia, as minhas miúdas estão a crescer numa dimensão menos rural. Já não há grande bicharada em casa da minha avó e nem sequer lá vamos amiúde.
Sabem que as galinha têm penas e que comemos animaizinhso queridos, como memés, coelhinhos e vitelinhas. Nunca comeram javali.

No Domingo passado regressávamos de um banho de cidadania quando parámos na mais rural das estações de serviço - na Mealhada. Ao nosso lado, um atrelado ccarregado de lebres mortas penduradas pelos pés.

Se as educo e alimento a todas da mesma maneira, assumo que as diferenças são culpa das pontes de hidrogénio e das combinações das letras:

Carmo:
- Posso fazer uma festinha?
Maria:
- Coitadinhos dos coelhinhos...
Inês:
- Mmmm... Devem ser tão bons assados no forno!
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© Rita Quintela
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