MÃE-GALINHA



2006-12-12

I & T

Ideias demais e tempo de menos (se se escreve demais porque é que não se pode escrever demenos?)
Gostava de ter tido tempo para fazer um calendário do advento. Consolo-me na contemplação deste.

Perco-me tão facilmente com o que encontro em listas infinitas de, chamemos-lhes assim, crafty-bloggs. As horas passam e eu nem dou conta. Quero isto e mais isto e experimentar aquilo. Sou uma viciada em busca de experiências novas.

Eu tenho um pipo, como o de algumas panelas, e gosto de trabalhar sob pressão. Saem-me pelo pipo mil ideias à hora e isso é mau, porque se estou na pressão, é sinal de que me falta o tempo. Não quero que me fujam as ideias e por isso vivo rodeada de papelinhos e listas. Talvez fosse boa ideia pedir ao pai-natal uma coisa destas. Nem sabia que aquilo tinha página web, de tão habituada que estou aos catálogos A5 que me enviam pelo correio. Devoro estes catálagos como as minhas miúdas devoram pintarolas. Descarrega-se-me o stress nas hipóteses remotas de compras hiper-mega-úteis e tendo sempre para aquelas em cuja descrição cai o termo "auspicioso".

Não sei se o pai-natal me lê. Lês, pai-natal?

Antes, leia-se "antes de ser mãe de miúdas crescidas", impressionava-me a crendice infantil no pai-natal. Lembro-me de um miúdo em particular, na altura com uns oito ou nove anos. Também me lembro dos meus comentários deslocados - "não achas estranho o miúdo acreditar no pai-natal? Aquilo são coisas qus a mãe lhe mete na cabeça e estão a fazer dele um tontinho"
Agora o miúdo é um rapazolas equilibrado e eu agora queria que agora fosse antes para eu não ter dito disparates.
As minhas miúdas acreditam no pai-natal e enfrentam a fúria das amigas que lhes chamam parvinhas. Apanham-me no recreio da escola quando as vou buscar e esforçam a voz que roça as lágrimas:
- O mãe, tu acreditas no pai-natal, não acreditas?
- Claro! Porque é que não havia de acreditar?
- É que elas dizem qua não existe pai-natal nenhum e que são as pessoas que compram os presentes...
- As pessoas compram alguns presentes. Os outros trá-los o pai-natal.

Já não me martirizo com explicações metafísicas. Preocupo-me, isso sim, com a zoologia e a antomia dos animais explicadas à Carmo:
- Lá vai o pai-natal com as suas cabras!
- Ó querida, não são cabras, são renas...
- Não são nada!!!!!!!!!! (choro, gritos) - São cabras!!!!!!!!!!!!
- Não - eu, baixinho, numa vã tentativa de a convencer a exorcizar a birra - São renas, vês? Este é o Rodolfo.
- Não é nada! O Gôlfo tá na casa dele! Isto são cabras! (gritos, mais gritos, a espernear no passeio)
- Pronto, tens razão, são cabras. Anda lá embora.

No dia seguinte, a mesma cena.
E no seguinte.
E no seguinte.
Não posso mudar de percurso, que aquelas renas estão na rua da minha mãe e a minha mãe dá-me sopa quase todos os dias. Já me ocorreu pedir que tirem dali as renas mas não tenho argumentos que cheguem. Cabras sejam, que eu não estou para mais grandes birras.

Coisas que eu gostava de pôr já na loja:
Cachecóis, mitaines, luvas e caneleiras.
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© Rita Quintela
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