MÃE-GALINHA



2006-11-10

Porta-recados

As (minhas) grandes descisões são tomadas em momentos de aflição, de angústia.
Como ontem, em que, incontactável, delirei à espera que o tempo passasse.

Pergunto-me muitas vezes como foi a vida sem telemóveis (da qual quase não me lembro).

Imagino muitas vezes a minha vida sem telemóvel. Possível, se não vivesse na permanente angústia de alguma das minhas filhas precisar de mim e eu não estar à distância de um número. É mau, eu sei. Escrevo e reflicto e sai-me o reflexo de mim pelo ecrã. Eu sou assim e é assim que quero e gosto de ser.

Mal cheguei a casa, contei as chamadas perdidas e adivinhei-lhes os motivos. A todas menos a uma mas, se eu ali estava com as minhas miúdas e se nenhuma delas aparentava ter tido um dia mau, não foi de certeza uma chamada importante.

Depois do arroz de polvo, cozinhei um porta-recados.




Nunca mais o largo.
Mas sou suficientemente altruísta para fazer disto um bom negócio.
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© Rita Quintela
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