As (minhas) grandes descisões são tomadas em momentos de aflição, de angústia.
Como ontem, em que, incontactável, delirei à espera que o tempo passasse.
Pergunto-me muitas vezes como foi a vida sem telemóveis (da qual quase não me lembro).
Imagino muitas vezes a minha vida sem telemóvel. Possível, se não vivesse na permanente angústia de alguma das minhas filhas precisar de mim e eu não estar à distância de um número. É mau, eu sei. Escrevo e reflicto e sai-me o reflexo de mim pelo ecrã. Eu sou assim e é assim que quero e gosto de ser.
Mal cheguei a casa, contei as chamadas perdidas e adivinhei-lhes os motivos. A todas menos a uma mas, se eu ali estava com as minhas miúdas e se nenhuma delas aparentava ter tido um dia mau, não foi de certeza uma chamada importante.
Depois do arroz de polvo,
cozinhei um porta-recados.
Nunca mais o largo.
Mas sou suficientemente altruísta para fazer disto
um bom negócio.