MÃE-GALINHA 
2006-11-29
Há, em mim, algo de demoníaco
que me faz regojizar com factos não controláveis.
Como o clima.
Mal ouço falar em possibilidade de chuvas fortes e ventos ciclónicos, ou ondas de calor, ou vagalhões no mar, ou rios que transbordam,
não sei,
há um diabo em mim que se ri e toda eu estremeço de prazer.
Apesar de não gostar do verão e de abominar dias de muito calor, tenho medo de mim quando anseio por notícias de temperaturas extremas.
E quando a chuva vem com a monstruosidade prevista, é como se eu transpirasse de prazer. Atravesso estradas que parecem rios, não tenho medo e até gosto de sentir a água que se levanta à minha passagem.
Sei que penso assim porque, de facto, nunca me senti em risco real numa dessas situações.
Mas não deixa de ser esquisito.
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Como o clima.
Mal ouço falar em possibilidade de chuvas fortes e ventos ciclónicos, ou ondas de calor, ou vagalhões no mar, ou rios que transbordam,
não sei,
há um diabo em mim que se ri e toda eu estremeço de prazer.
Apesar de não gostar do verão e de abominar dias de muito calor, tenho medo de mim quando anseio por notícias de temperaturas extremas.
E quando a chuva vem com a monstruosidade prevista, é como se eu transpirasse de prazer. Atravesso estradas que parecem rios, não tenho medo e até gosto de sentir a água que se levanta à minha passagem.
Sei que penso assim porque, de facto, nunca me senti em risco real numa dessas situações.
Mas não deixa de ser esquisito.
© Rita Quintela
IBSN 7-435-23517-5