Claro que para a miúda conseguir ordenar as letras do nome, é treinada todos os dias, várias horas por dia.
Vejamos: mesmo com ela contrariada, a chorar e a espernear, não a deixo brincar e sento-a no chão com as cinco letras do nome próprio. São letras de plástico com íman, coloridas e ergonómicas mas isso não interessa nada que o importante é que a criança, aos três anos, saiba escrever o nome. Obrigá-la-ía mesmo que fosse com letras ferrugentas.
Anseio também que me cante a tabuada dos oito, que a mim tanto me atormentou. Enquanto dorme, há uma gravação sussurante no seu quarto, horas a fio:
oito vezes um oito, oito vezes dois dezasseis, oito vezes três vinte e quatro, oito vezes quatro trinta e dois, oito vezes cinco quarenta, oito vezes seis quarenta e oito, oito vezes sete cinquenta e seis, oito vezes oito sessenta e quatro, oito vezes nove oitenta e um, oito vezes dez oitenta.
Quero inscrevê-la naquela coisa dos sobredotados e até já mandei fazer um vestido aos folhos para a levar à televisão.
Há gente muito esquisita e eu não gosto de comentários anónimos.