MÃE-GALINHA



2006-09-05

2 de Setembro

Aposto que se conhecessem a minha filha mais nova, os meteorologistas já teriam dado o nome Carmo a um furacão. A miúda é um furacão de tudo: de risos, de lágrimas, de mimos, de dentadas, de teimosia, de doçura.
Não quer ter três anos.
- Não! Três anos não! Faço quatro ou cinco ou vinte e dois, mas três não quero!
E nós, fazemos o quê com esta teimosia?

Ela diz que não quer o babete porque já é crescida mas à noite chora muito porque lhe nego o biberão de leite, que já não há cá biberãos em casa, levou-os a tia para a Nônô. Minto descaradamente e corta-me o coração o deslize dela para a pequenez:
- Mas eu afinal quero ser bebé e quero bibôn...

Deixo-lhe as quatro chuchas, algumas já tão mal cheirosas que até a proprietária assume o desconforto:
- Blharc! Esta não ponho na boca nem no nariz que cheira a balão...

Um dia, sem pressa nenhuma, hão-de ir-se perdendo. Quero lá saber da boca arqueada ou da baba ou do cheiro a balão. Nem sei como resito a ir ao armário buscar o biberão.

Três anos e a melhor ideia da minha vida - festa na praia.

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© Rita Quintela
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