MÃE-GALINHA



2006-07-10

Não se fala noutra coisa

Estive mais de meia hora à espera que uma delas chegasse ao ATL depois dum passeio a uma quinta. Vinham sujas, pintadas, transpiradas e já era tarde.
Eu, quando meto uma coisa na cabeça, não sou de modos:
- Então meninas, ´bora furar as orelhas?
- Agora? - perguntou a Inês
- Pois. Ou é agora ou já não é.
- Então vamos.
- Eu não sei se quero - encolheu-se a Maria
A Carmo, a leste:
- E eu também, eu também quéio!

Entretanto, eu tinha passado a manhã vestida de Miss Marple e tinha um caderno cheio de anotações acerca dos melhores locais para furar as orelhas às crianças. No sítio tal, que tem uma funcinária TÃO querida com os miúdos e têm uns brincos especiais, carotes mas quase indolores, e é tudo em blisters individuais e até põem uma pomada anestesiante.

Nem hesitei e, depois do então vamos, fomos mesmo. Depois das escolhas iniciais - estes brincos, ela primeiro, senta aqui, marca acolá, primeira pistolada na Inês, um ai, uma lágrima a rolar e mais nada. Segundo brinco e está linda, linda.
Depois a Maria, umas fitas do além, quero, não quero, dói? dói Inês? Não mintas... Se não dói porque é que estavas a chorar?
- Não estava a chorar, era só uma lágrima de nervos
E quer e não quer e eu a passar-me e ultimei:
- Maria, ou queres ou não queres mas se não queres não me chateies a cabeça nos próximos tempo para cá voltar.
Primeiro furo.
- Ah! Não dói nada...
E foi assim, portaram-se lindamente.
A Carminho estarrecida:
- Ela tá a pôr os brincos com uma pitóla e eu num quéio!!!

No fim, beijinhos à Heidi (juro! estavam histéricas com o nome da rapariga) e agora é betadine e toca a andar.
A mim não em custou nada, ou melhor, custou-me vinte e quatro euros e a constatação de elas têm orelhas muito diferentes. Nunca tinha reparado.
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© Rita Quintela
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