MÃE-GALINHA



2006-06-19

Férias, do latim fèria, "dia de festa"

Faço isto às vezes. Marco um dia de férias para mim, numa altura em que posso entregar as crianças na escola e dar-me a luxos de depilações e deambulações pelas montras pré-saldos, nas quais faço reservas mentais que quase nunca chego a concretizar.

Sexta-feira foi um desses dias mas o tiro saiu-me pela culatra. A minha filha mais nova frequenta um infantário público que decide encerramentos despropositados à custa da má gestão do pessoal e eu vi-me obrigada a giga-jogas valentes para não a obrigar a assistir ao que imagino pouco agradável aos olhos de uma criança que ainda não chegou sequer ao fim da primeira infância - eu, de vez em quando, pago para que me arranquem os pelos supérfulos e não me apetecia levar a Carmo atrás.

Também tinha agendado uma ida solitária ao cinema e uma arrumação valente às gavetas do meu quarto mas o dia resultou em parque infantil, birra de supermercado e encaixes de sestas da pequena com aulas de ballet das maiores. Cheguei ao fim do dia exausta e comprei o jantar já feito. Quase às onze da noite toca o meu telefone - é o sinal que devo ir, que as portas que abro às minhas crias também levam a caminhos meus, ao meu desempenho, não tanto como mãe mas como cúmplice da ninhada e da caminhada.
Até à madrugada constroem-se cenários para um espectáculo de dança que não se quer perfeito mas que se sonha ideal. A professora, que mais do que isso é mestra na arte de ensinar, eu e a Cristina, leitora assidua do que eu escrevo, amiga e cúmplice, ficámos assim, até tarde, entre conversas, recortes e decalques. Há muitas alunas na escola mas não haverá muitas mãos de mães que construam cenários a comer amêndoas e a sorrir com os disparates a que o sono obriga.

Não tive um dia de férias mas tive um dia positivo.
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© Rita Quintela
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