MÃE-GALINHA



2006-05-08

Lido assim, desse lado, até é capaz de ter piada

Às sete e meia da manhã não reparo no que está dentro do tuperware e à uma da tarde, cheia de fome, abro-o e dou de caras com meia dúzia de tomates pelados. Que será feito do arroz de pato? Meio almoço.

Às onze da noite, depois do banho, besunto-me de creme hidratante. Não me escorregam as mãos pelo corpo. Perguiçosamente, não olho para o rótulo. Insisto. Páro. Olho. Leio - gel de banho. Banho dobrado.

Há anos que não durmo em condições. Ou elas não dormem bem e precisam de mim ou elas dormem bem e eu acordo a saber delas. Infelizmente, é mais comum a primeira hipótese. Elas é ela, a Carmo, que volta e meia me quer a meio da noite. A mim ou ao biberão. Ou à minha cama. Tenho alguns anos de sono em atraso, é o que é. Quando durmo, o meu pior pesadelo é esquecer-me de uma delas numa estação de serviço.

Amanhã preciso de ajuda. A médica nova chama-se Julieta, vai medir-me a tensão e dizer-me que sou um passarinho. Depois dá-me um papel para as análises, que temos de ver como está essa anemia, avia-me as vitaminas e pergunta se preciso de mais alguma coisa. Amanhã vou-lhe dizer que sim. São menos dez anos, se faz favor.
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© Rita Quintela
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