MÃE-GALINHA



2006-03-01

Viver no campo

Não há só vantagens na ruralidade.
Primeiro, foi a luta por causa de um caixote do lixo. Na rua onde vivemos havia um único caixote que, de um dia para o outro, passou a receber o lixo de mais oito famílias. Claro que estava sempre cheio. Telefonemas, cartas, e-mails e lá se resolveu a questão. (Por causa disso ainda tive que gramar com o mau humor do presidente da junta a dizer-me que não era assim que as coisas se faziam, que havia procedimentos, que as coisas deviam passar por ele e mais não sei o quê)

Agora é a porcaria dos ecopontos.
Separamos o lixo quase todo, temos um ecoponto doméstico, até os óleos de fritar colocamos em frascos. Não temos nenhum ecoponto perto de casa*. Regularmente carregamos o carro e tentamos despejar aquilo tudo. Nem sempre corre mal. Às vezes, no ecoponto mais perto, ainda cabe o nosso lixo. O pior é nos outro dias. Não há consciência cívica nem ecológica que resista ao facto de ter que percorrer vários quilómetros até encontrar um ecoponto que não esteja a abarrotar. Ultimamente tem sido assim e ontem, depois de quase vinte quilómetros, fiquei mesmo neura.
Hoje telefonei para a Câmara.
- Não é connosco.
Para os serviços municipalizados.
- Não é connosco.
Mas lá me disseram com quem era.
- Blá blá blé ecopontos cheios, blá blá...
- Pois, mas sabe, temos um funcionário de baixa e não dá para fazer tudo.
- Ah... E não podem colocar outro funcionário?
- Não é fácil. É preciso dar formação e blá blá blá...
- E não podem colocar mais ecopontos?
- Ah... Isso não é connosco.
- Ai não? Então é com quem?
- Isso tem que ligar para a Câmara.
- Bolas! E então o que é que me sugere que faça quando os ecopontos estão cheios? Deixo o lixo no chão?
- Pois...

Olaré! Viva a reciclagem! Viva Portugal!


* Vês Pal, não és só tu!
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