MÃE-GALINHA



2006-02-16

Trabalhos de casa

- Inêêêêêês! Vem cá e traz a mochila para vermos os trabalhos de casa!
Às quartas-feiras passam a tarde no ATL e peço-lhes sempre para fazerem lá os trabalhos. Elas sabem que se cumprirem, chegam a casa e têm o tempo todo só para elas.
Às vezes a professora da Inês diz aos miúdos para serem eles próprios a definir os trabalhos. Foi o caso de ontem.
- O que é que trouxeste para fazer?
- Era livre! Fiz uns conjuntos e umas contas.
- Deixa lá ver...
Abri o caderno, novinho em folha, que o anterior foi desta para melhor por causa de uma garrafa de água mal fechada. Para lá do facto de ter ficado doida com o estado do caderno - manchas de chocolate, folhas dobradas, escritos indecifráveis e corações, ía tendo uma coisa com o displante da miúda:
- Então o que é isto?
Isto eram duas representações de conjunto com etiquetas indicativas do número de elementos. Ok, nada mal. No primeiro desenho estava uma bola e a respectiva etiqueta indicava "1", No segundo desenho estava um sol e a etiqueta indicava "3". O sol tinha olhos e boca portanto, pensei que o "3" se referia a isso. Não referia. Soube-o quando, na dúvida, perguntei:
- 3? Mas só vejo aqui um elemento?
- Pois só! Os outros dois são invisíveis.
Mau. Mau-mau. Ou está a gozar comigo ou acha mesmo que tem aqui duas coisas que não se vêem.
- Ó Inês, mas tens que desenhar essas coisas invisíveis, senão a professora não sabe...
- Está bem.
E desenhou uma nuvem e uma flôr.
Página seguinte, a das contas. As contas hão-de ser de somar e subtrair. Com duas ou três parcelas, segundo tenho visto feito no caderno da escola. As contas devem reflectir os números que já aprenderam. Antes de ver, perguntei:
- Então, já deram até que número?
- Olha mãe, já demos até ao dez mas eu já sei mais do que isso por isso as minhas contas são estas:
Mostrou.
1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1+1=34
- O que é isto??????
- São contas. Não sabes, é?
A folha cheia de "uns" enormes, uma folha cheia de "uns" e "+" e um "34" no fim...
- Vá, faz lá uma continhas em condições que esta folha nem sei o que me parece...

(Pronto, se calhar não devia ter dito nada, nem sobre os elementos invisíveis nem sobre as contas. É a lógica dela e mais nada. Mas nem só de lógicas destas se vive...)
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