MÃE-GALINHA



2006-01-26

Gosto de usar roupa sem bolsos. Quando visto saia quase nunca tenho bolsos. Se calhar é por isso que quando visto saia me sinto mais nova, mais gira e mais feminina. Apesar das minhas pernas não serem jeitosas.

As calças de quase todos os dias têm quase sempre bolsos. Nos meus bolsos há coisas muito esquisitas, algumas nojentas, e que me lembram do meu papel (de mãe) de cada vez que levo a mão ao bolso. Há sempre, mas mesmo sempre, ganchos e elásticos. De cada vez que me sai um elástico (ou um gancho), imagino as miúdas desgrenhadas e despenteadas. Não andam, que todos os dias perco mais do que muitos minutos em tranças e tótós. Por isso me intrigo com tantos ganchos e elásticos que me aprecem nos bolsos.
Às vezes tenho nos bolsos papéis de rebuçados, cichetes mastigadas embrulhadas em recibos de gasolina, bocados de brinquedos, tazos, moedas (nem sempre, com pena minha) e lenços de papel com ranho ou lágrimas. Também já cheguei a encontrar restos de comida.
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© Rita Quintela
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