MÃE-GALINHA



2005-02-15

DOMINGO

O pai João saiu cedo, ainda de noite, para um dia dedicado às fotografias, lá para o Norte, entre Portugal e Espanha. A minha mãe fora, em casa da minha avó. Eu e elas. O dia todo.
Consigo dormir até às oito e meia. Entre acordar, tomar banho, vestir-me a mim e a elas, tomar e dar pequenos-almoços e adiantar o almoço, fazem-se horas num instante. Não quero acreditar que vou à missa com elas as três... Tem que ser. A Maria não se cala com o Acolhimento e a Quaresma e a missa das onze horas e o padre Júlio que quer os meninos do primeiro ano no banco da frente. Fui. Como seria de esperar, a Carminho não achou graça. Eu, à homilia, também não. O resto não varia. A Maria muito atenta, lá no banco da frente, a igreja cheia de olhares de soslaio para mim, que não parava quieta a tentar manter quieta a irrequita Carminho. A Inês a imitar tudo o que via e ouvia. "Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe". Fomos. Cumpri o meu papel de mãe e educadora da fé cristã. Também foi a isso que anui quando as baptizei.
Almoço, sesta (para quem pode), camas feitas, cozinha arrumada, siga para o teatro, que não se diz que não a bilhetes oferecidos.
Por aqui não abundam as iniciativas culturais, ainda menos as dedicadas ás crianças. Ir ver o Fungágá da bicharada era inevitável. Mas não num dia em que ninguém me podia acompanhar. Receeei que a Carminho não gostasse, que se assustasse. Errei. Durante uma hora e dez minutos não pestanejou, riu, apaludiu, dançou. As manas também. Eu também. No fim, o lanche ali mesmo, que a fome apertava. Regresso a casa, com passagem por casa da minha mãe que entretanto chegara. Preparar o jantar, banhos, trabalhos de casa para terminar, birras de cansaço e sono. Às nove horas, tudo na cama.
Eu, atirada para cima do sofá, sorrio e penso:
- Bolas... estou estoirada!
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