MÃE-GALINHA



2005-01-27

DIAS LONGOS

Há dias assim, enormes, em que quando me deito já nem sei quem sou.
Ontem foi assim, um interminável atropelo de tarefas e resmunguices.
As quartas-feiras são dias complicados - é o dia em que as actividades das miúdas terminam mais tarde e, nesse dia, a nossa empregada não vai.
Saio do trabalho às 17h30, apanho a Carminho no infantário e sigo para o Conservatório onde a Maria tem aulas até às 18h. Não consigo aguentar a pequenita no carro por isso dou com ela uns passeios pelos corredores da escola. Ela foge, guincha, tenta entrar nas salas, e eu, atrás dela, "shiu... Não faças barulho que os meninos estão nas aulas!". Ela ignora-me.
Sai a Maria da aula de coro, hoje sem a Mónica.
- Ó Maria, o teu casaco?! - perguntei quando a vi assim, em mangas de camisa.
- Sei lá...
- Deixaste-o na escola?
- Não me lembro...
- Mas tu sabes o frio que está na rua?
- Não...
- Então tu perdeste o casaco?
- Não!
Rapidamente percebi que esta conversa não me ía levar a lado nenhum. Tirei o meu casaco para ela vestir e lá fomos.
Ontem, excepcionalmente, não levei a Mónica a casa nem apanhei a Inês em casa da minha mãe, que se ofereceu para a levar a nossa casa no fim do ballet. Melhor assim...
Chegámos a casa às 18h15. Enfiei-me na cozinha a preparar o jantar enquanto a Maria fez os trabalhos de casa. Grelhei peixe e cozi batatas, pus a mesa, dei banhos, arrumei roupas espalhadas, dei o jantar à Carminho, jantei com a Carminho ao colo, a guinchar porque não a deixava agarrar no meu garfo. Às 20h30 o pai deitou-a. Até às 21h resmungou na cama, fazendo-me subir e descer as escadas mais de cinco vezes. Debaixo de reclamações por causa dos desenhos animados ainda não terem terminado, deitei as mais velhas, escolhi as roupas para hoje, arrumei a mochila da escola da Maria, a mochila do Conservatório da Maria, a mochila do ballet da Maria e a mochila da piscina da Inês.
Debaixo de um frio de rachar apanhei a roupa e dobrei-a. Cosi um botão, rematei a costura de uma camisola e desci uma baínha. Preparei a mesa do pequeno almoço e escrevi um recado à empregada. O pai João viu o futebol e arrumou a cozinha.
Deitei-me às 23h45h. À 1h30 ouço o pai remexer em gavetas no quarto das mais velhas. Levanto-me. Um xixi... Uma cama feita de lavado, mais uma monte de roupa para lavar. Demoro a voltar a adormecer. Às 6h45 toca o despertador. E eu, sem outro remédio, levanto-me.
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