MÃE-GALINHA



2004-12-20

DO FOGO À MANTEIGA

Não que me espantasse o facto de estar a falar sózinha. Mas reconheci a prosa e estranhei os soluços: o-fo-go-o-cã-ã-oooo-zi-nho-Rapé...
Espreitei pela porta do quarto e vi-a, deitada na cama, de barriga para baixo, e com o livro na mão.
Pensei:
- Esta miúda está a ler?!
Continuei ali, imóvel, a observá-la - e ela continuava a tentar ler.
Talvez soubesse o livro de cor - descansei.
Mais tarde, pedi:
- Sabes ler isto?
- "Mei-o gor-do"
- E isto?
- "Man-tei-(que letra é esta, mãe?)"
- É um "g".
- "ga" "Man-tei-ga". "Manteiga!!!!" - e sorriu pelo feito

Há uns dias, na consulta de rotina, a pediatra pediu-nos que não a estimulássemos. Que depois, quando fosse para a escola, ía desinteressar-se. Que só tem quatro anos, que é uma criança.

Nunca foi estimulada para saber mais que a conta, nunca lhe ensinámos uma letra que fosse. Há uns meses nem o nome sabia escrever. E até há pouco tempo, fazia o "N" e o "S" invertidos. Agora aprendeu a ler...
O nome e os conteúdos deste blogue estão protegidos por direitos de autor
© Rita Quintela
IBSN 7-435-23517-5