MÃE-GALINHA



2004-11-11

DIAS COMPRIDOS

Os vómitos da noite anterior passaram a uma valente diarreia durante o dia de ontem.
À hora de almoço, ligam do infantário: "A Carminho está com muita diarreia... Almoçou mal. Agora está a dormir."
Passei por lá e continuava a dormir. Deixei o ultra-levure e segui para o emprego. Voltei ao fim da tarde e estava óptima.
Já em casa, fiz-lhe uma sopa de cenoura à qual juntei peixe grelhado. Ao fim de cinco ou seis colheradas, tudo fora. Voltamos ao início - mais sopa, mas peixe e mais paciência. Tudo comido, lava-se a cara e os dentes e óó. Dormiu toda a noite, sem vómitos nem diarreia.
Esta manhã, naturalmente, deixei-a no infantário. À hora de almoço voltam a ligar-me:
- Estou?... É a mãe da Carminho?
- Sim!
- Olhe, é do infantário; a Carminho vomitou o almoço. É melhor vir buscá-la porque assim não a podemos ter cá!
- Está bem... Dê-me só uns minutinhos.

"Não a podemos ter cá"? Mas que maneira de falar é esta? A criança vomitou o almoço, não está a arder em febre nem com nenhuma doença infecto-contagiosa. Roí-me de raiva no curto trajecto emprego-infantário mas pensei "Tadinha.... se calhar está mesmo doente".
Cheguei e correu para mim, como ar mais saudável do mundo. Perguntei:
- Então?
- Olhe, vomitou...
- E não lhe tentaram dar outra vez?
- Não. Ah! E já fez duas vezes cócó.

Tenho a sorte de trabalhar a cinco minutos do infantário e de poder sair numa situação destas. Tenho a sorte de viver perto. Tenho a sorte de ter a minha mãe muito disponível. Mas tenho o azar de ter que lidar com gente pouco inteligente. Então a miúda vomita o almoço e dizem-me que assim não a podem lá ter? Assim como? Bem disposta e sorridente? Ou será por estar com uma muda de roupa lavada em que a as calças não combinam com a camisola?

- Então até amanhã - disse, com cara de poucos amigos
Na viagem para casa tentei magicar uma solução para o almoço da pequena e ainda uma outra, mais complicada, para a aula de piano da Maria. Quanto ao almoço,uma taça de papa dietética resolvia-me a questão. E a Cristina, tendo que levar a Mónica ao conservatório, não se importaria concerteza de levar também a Maria.

Cheguei a casa e, com algum receio do pouco apetite, preparei a papa. Comeu-a em três tempos. Segui para casa da minha mãe, adormeci-a, comi qualquer coisa e eis senão quando, toca o telefone:
-Estou.. Rita... É a Cristina!
- Sim...
- Olha, estou aqui com as duas miúdas no carro e a Maria quer ir almoçar lá a casa e depois pode ficar a brincar com a Mónica.
- Quer? (mas ela já tem desses "quereres" ?) Sabes, eu liguei de manhã para os tempos livres a avisar que ela ía almoçar mais tarde, e a pedir para lhe guardarem o almoço... Agora é um bocado chato ela não aparecer!
- Pois é... Pronto, realmente é melhor deixá-la nos tempos livres.
- Diz-lhe que eu já lá passo.

Quando lá cheguei, já tinha almoçado e estava a brincar no pátio. Expliquei-lhe que não podia passar a tarde em casa da Mónica e que também não ía à piscina porque a avó está com a Carminho e eu não posso sair mais cedo do trabalho. Entendeu tudo, até porque estava entusiasmada com o magusto. Ao fim da tarde brincará com a amiga.

Ainda o dia vai a meio...
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