MÃE-GALINHA



2004-02-12

"Querida amiga

Já não sei há quanto tempo não escrevo uma carta assim, com papel e caneta. Eu, que gosto tanto de escrever que acho que a caligrafia diz tanto de nós.
Acho que as tuas cartas são as únicas que recebo na caixa do correio e que não são contas ou publicidade. Tenho pena que se esteja a perder a tradição de escrever cartas. São muito mais pessoais que e-mails e afins.
É como os diários. Quando éramos miúdas escrevíamos diários. Agora achas que alguém escreve? Lembras-te dos pen-friends? Lembras-te de como nos conhecemos? Não consigo imaginar a adolescência das minhas filhas. Com as histórias que se ouvem por aí, jamais as deixaria ir de férias com alguém que não conheço de lado nenhum, como os teus pais e os meus pais fizeram connosco. Tivemos sorte. Ainda crescemos sem grandes preocupações. E no fundo, ainda temos alguma sorte porque vivemos em cidades pequenas e temos algum apoio familiar.
Uma das coisas que descobri ultimamente é que escrevo mais depressa no teclado do que com uma caneta. É estranho... Desenvolvemos assim estas competências sem mais nem menos. E descobri este facto quando decidi fazer um diário sobre o dia a dia das minhas filhas e optei por um blogue. Onde por acaso vou afixar esta carta."
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© Rita Quintela
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